terça-feira, 18 de outubro de 2011

Rede Social e Mobilizações



Rede Social e Mobilizações:



Aproveitei o texto escrito por Frei Betto, de 21 de setembro
sobre as mobilizações populares convocadas pela Internet. Relata que o Grito dos Excluídos, em sete de
setembro, passou a ser palco de pressão política e reivindicação popular e em
diversos momentos aconteceu em outras localidades do País.



Percebemos aí, o poder convocatório das redes sociais. Elas
possuem uma capilaridade que supera qualquer outro meio de comunicação. E
carecem de censura ou editoração falaciosa.



Há, contudo, duas limitações que podem afetar seriamente os
efeitos da mobilização internética. A primeira, a falta de proposta. Não basta
gritar contra a corrupção ou aprovar a faxina operada pela presidente Dilma
Rousseff. É preciso exigir reforma política, e propor critérios e métodos.



Reforma política com o atual Congresso – composto, em sua
maioria, por parlamentares capazes de absolver uma deputada federal flagrada e
filmada recebendo propina – é acreditar que Ali Babá é capaz de punir os 40
ladrões...



É preciso, primeiro, reformar, ou melhor, renovar o Congresso
para, em seguida, obter reforma política minimamente decente. De modo que sejam
instituídos mecanismos que ponham fim às duas irmãs gêmeas madrinhas da
corrupção: a imunidade e a impunidade.



Essa renovação poderia se iniciar, ano que vem, pela eleição
de prefeitos e vereadores, todos submetidos ao crivo da Ficha Limpa, que se
aprovada; e pressionados a apresentar metas e objetivos, como propõe o
Movimento Nossa São Paulo, mas não acontecerá salvo-se os eleitores tiverem
consciência nas escolhas na próxima
eleição.



A segunda limitação é o caráter apartidário das
manifestações. Em si, é positivo, pois impede que algo nascido da mobilização
cidadã venha a se converter em palanque eleitoral deste ou daquele partido
político.



Porém, na democracia não se inventou algo melhor para
representar os anseios da população que partidos políticos. Eles fazem a
mediação entre a sociedade e o Estado. O perigo é as manifestações não
resultarem na eleição de candidatos eticamente confiáveis e ideologicamente
comprometidos com as reformas de estruturas, como a política e a agrária. Ou
desaguar no pior: o voto nulo.



Quem tem nojo de política é governado por quem não tem. E os
maus políticos torcem para que tenhamos todos bastante nojo de política. Assim,
eles ficam em paz, entretidos com suas maracutaias, embolsando o nosso dinheiro
e ampliando suas mordomias e seus patrimônios.



As redes sociais são, hoje, o que a Ágora era para os gregos
antigos e a Praça para os nossos avôs – local de congraçamento, informação e
mobilização. Foram elas que levaram tunisianos e egípcios às ruas para derrubar
governos despóticos. São elas que divulgam, em tempo real, as atrocidades
praticadas pelas tropas usamericanas no Iraque e no Afeganistão.



As redes sociais têm, entretanto, seu lado obscuro e
perverso: a prostituição virtual de adolescentes que exibem sua nudez; o
estímulo à pedofilia; a difusão de material pornográfico; o incitamento à
violência; a propaganda de armas; o roubo virtual de senhas de cartões de
crédito e contas bancárias.



Espero não tardar o dia em que as escolas introduzirão em
seus currículos a disciplina Redes Sociais. Crianças e jovens serão educados no
uso dessa importante ferramenta, aprimorando o olhar crítico, o senso ético e,
em especial, a síntese cognitiva, de modo a extrair sentidos ou significações
do incessante fluxo de informações e dados.



Graças à internet, qualquer usuário pode se arvorar, agora,
em sujeito político e protagonista social, abandonando o passivo papel de mero
espectador. Resta vencer o individualismo e o comodismo e sair à rua para
congregar-se em força política.



Jacareí deu este passo no último dia 12 de outubro e fomos à
rua para gritar pela diminuição da corrupção.



Do texto de Frei Betto, escritor, autor do romance “Minas do
Ouro” (Rocco), entre outros livros. Página e Twitter do autor:
http://www.freibetto.org/ e twitter:@freibetto



Maria Cristina de P. Machado

Psicóloga e Voluntária Social



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Introdução do Blog

Ilustra a abertura deste blog o termo Cidadania devido a sua importância para a Nação Brasileira. O que queremos para o País deve ser construído e pensado a partir do lugar onde vive cada cidadão e cada cidadã.

A cidadania constrói-se e conquista-se
.


O exercício da cidadania plena pressupõe ter direitos civis, políticos e sociais e estes, se já presentes, são fruto de um longo processo histórico que demandou lágrimas, sangue e sonhos daqueles que ficaram pelo caminho, mas não tombados, e sim, conhecidos ou anônimos no tempo, vivos no presente de cada cidadão do mundo, através do seu “ir e vir”, do seu livre arbítrio e de todas as conquistas que, embora incipientes, abrem caminhos para se chegar a uma humanidade mais decente, livre e justa a cada dia.

O exercício do voto é um ato de cidadania. Mas, escolher um governante não basta. Este precisa de sustentação para o exercício do poder que requer múltiplas decisões. Agradáveis ou não, desde que necessárias, estas têm de ser levadas a cabo e com a cumplicidade dos cidadãos. Estes não podem dar as costas para o seu governante apenas e principalmente porque ele exerceu a difícil tarefa de tomar uma atitude impopular, mas necessária, pois, em muitos momentos, o governante executa negócios que, embora absolutamente indispensáveis, parecem estranhos aos interesses sociais. É nessas ocasiões que se faz necessário o discernimento, próprio de cidadão consciente, com capacidade crítica e comportamento de verdadeiro “também sócio” do seu país.

A história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos direitos humanos. A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de conquista da humanidade, através daqueles que sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformam frente às dominações arrogantes, seja do próprio Estado ou de outras instituições ou pessoas que não desistem de privilégios, de opressão e de injustiças contra uma maioria desassistida e que não se consegue fazer ouvir, exatamente por que se lhe nega a cidadania plena cuja conquista, ainda que tardia, não será obstada.